SANTOS, José. Sabará: A Cidade da Gente / Organização José Santos e Selma Maria;
Ilustrações Helena Küller - São Paulo: Olhares, 2022. 80p.

Os alunos do 4º ano – Mário Quintana, da Escola Municipal Professora Maria Aparecida Batista, acompanhados pela professora Fabiana Cristina Borges, pesquisaram sobre a Vila Marzagão, em Sabará:

A fábrica de tecidos Marzagão foi fundada em 1878, pela Companhia Industrial Sabarense. Uma das primeiras fábricas de tecido do estado, ficava entre os municípios de Belo Horizonte e Sabará. Para facilitar a locomoção, foi necessário construir perto dos galpões da fábrica uma vila para abrigar os operários e suas famílias. Além de casas, foi construída a Igreja Sagrado Coração de Jesus, escola primária, correio, cartório, açougue, padaria, posto médico e pensionato para moças e rapazes. Para lazer dos operários, foi formada a banda de música, o time de futebol (Marzagão Esporte Clube da Vila Operária de Marzagão), os escoteiros e até um cinema foi construído dentro da vila. Havia também fazendas, plantações e criação de animais.

Eles separaram também algumas curiosidades sobre a Vila Marzagão, olha só:

  • O nome Marzagão faz alusão a uma
    feitoria portuguesa na costa da África,
    hoje é Marrocos, de onde vieram alguns
    colonizadores de Minas Gerais;

 

  • O conjunto arquitetônico do Marzagão
    é composto de edificações industriais e
    residenciais. O antigo depósito de algodão
    é atualmente a sede do Grupo de Teatro
    Kabana, a Estação de Arte Kabana;

 

  • O conjunto arquitetônico e paisagístico
    da Vila Marzagão (séc. XIX e XX) teve
    seu tombamento aprovado pelo IEPHA –
    Instituto Estadual do Patrimônio Histórico
    e Artístico de Minas Gerais, em 26 de
    outubro de 2004;

 

  • A Vila Marzagão é cenário do conto
    “Sinhá Secada” (Tutaméia), do grande
    escritor Guimarães Rosa.

A aluna Yasmin Regina Alves de Almeida deu um depoimento encantador sobre a Vila Marzagão…

Marzagão é uma vila de mais de cem anos. Ela surgiu com a chegada da fábrica. Os moradores da vila trabalhavam na fábrica e moravam no mesmo bairro. As casas eram alugadas bem baratinhas. O trem de ferro era o principal meio de transporte, com estação localizada na parte mais alta da vila. Antigamente tinha cinema, teatro, escola, supermercado e um carnaval de salão que sempre enchia. Hoje a Vila Marzagão é tombada e as casas não podem mais ser derrubadas. A Vila Marzagão é muito especial para mim, pois foi ali que meus pais nasceram, moraram e se casaram.

Os alunos do 4º ano da Escola Municipal Professora Maria Aparecida Batista também escreveram um poema sobre a vila:

Você já ouviu falar sobre a Vila Marzagão?
É uma vila bem pequenininha que tem um rio e trem.
Lá também tinha um cinema e uma fábrica de tecidos.
Tinha casinhas coloridas, igrejinha bonitinha,
padaria e campo de futebol
Marzagão é assim, pequenininha mais tem de tudo um pouquinho.
Quando tiver um tempinho vem conhecer de pertinho.
Fica em Carvalho de Brito no meio de montanhas de Sabará
Tenho certeza que você vai gostar!

O Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Vila Elisa era a residência de Manuel Carvalho de Brito, e ficava perto da fábrica de tecidos. Por isso, com o tombamento da Vila Marzagão, a Vila Elisa (onde ficava a casa do Seu Manuel) também se tornou patrimônio de Sabará. A turma de 4º ano – Carlos Drummond Andrade, da Escola Municipal Professora Maria Aparecida Batista, foi orientada pela professora Muriele Ramos na pesquisa do tema.

Seu Manuel nasceu há muitos anos em Itabira, em 17 de janeiro de 1872. Filho de um tenente-coronel, estudou Direito em São Paulo e, retornando a Minas Gerais, ingressou na carreira política. Em Santa Bárbara e Belo Horizonte, passou um tempo trabalhando como empresário e foi ele quem organizou o parque industrial em Marzagão!

 

Vila Elisa

Um lugar de muita história
Venho hoje lhes apresentar,
Histórias de trabalhos e lutas
Que faz parte da nossa querida Sabará.

Vila Elisa ou Vila dos operários
Como preferir chamar,
Vila de gente simples e trabalhadora
Que na grande fábrica teceram
Não apenas tecidos e memórias
Teceram também a nossa história.
Produção e chaminés

Muito trabalho e dedicação
Incluindo um casarão
Residência com muito estilo
Do doutor senhor
Manoel Carvalho de Brito.

Com um apito iniciava e com outro terminava
O dia desta gente operária.
Que não se cansava de lutar.
E as casas no estilo “bom será”?
Uma gracinha de se ver todas juntas e unidas,
Bem coloridas e cheias de vida.

E até mesmo Guimarães Rosa
Com nossa humilde Vila veio se encantar
E aqui deu vida a Sinhá, uma personagem
Que era a operária exemplar.

E assim termina um pouco da nossa história
A quem se encantar venha conhecer
Um lugar reluzente, lugar que faz a gente crescer.
Fica bem pertinho é uma beleza de se ver.